Crise em Maceió: Moradores Vivem na Incerteza à Beira do Colapso de Mina da Braskem
Roseilda Lopes da Silva Ferreira, 45 anos, residente na Vila Saem, uma comunidade no bairro do Pinheiro, em Maceió, ainda se recorda do tremor que abalou sua casa no último sábado (2/12). Ela convive diariamente com o medo e a insegurança, pois sua moradia está perigosamente próxima das consequências da mineração da Braskem.
A situação na região é crítica, com residências evacuadas e seladas a poucos metros da casa de Roseilda. Curiosamente, enquanto um lado da rua é evacuado, o outro permanece habitado, deixando os moradores perplexos. Desde 2018, os tremores, decorrentes da exploração de sal-gema nas minas da Braskem, afetam a vida dessa comunidade. Rachaduras nas casas e o solo cedendo são apenas alguns sinais dos problemas enfrentados.
O novo mapa de áreas de risco, elaborado pela Defesa Civil, destaca a região de Roseilda como sujeita a monitoramento, mas sem indicação imediata de evacuações. No entanto, o impacto na população local é evidente, com 15 mil famílias, totalizando 60 mil pessoas, já deslocadas.
O professor Cícero Péricles Carvalho, especialista em Economia Regional, destaca os três principais impactos dessa crise. Primeiramente, a desvalorização imobiliária causou o deslocamento de milhares de pessoas, afetando a inflação dos imóveis na cidade. Em segundo lugar, a indústria do turismo sofreu durante a alta temporada de verão, prejudicando hotéis, pousadas e restaurantes. Por fim, a atividade de pesca, vital para muitas famílias, foi impactada, gerando efeitos nas lagoas Mundaú Manguaba.
O colapso iminente das minas da Braskem preocupa especialistas, mas medidas de preenchimento das minas estão em andamento para mitigar os riscos. A empresa afirma que em cinco das nove minas recomendadas para preenchimento, o trabalho foi concluído, em três está em andamento, e uma não necessita mais. A mina 18, objeto de alerta de risco de colapso, teve suas atividades suspensas devido a movimentações atípicas no solo.
Enquanto a incerteza paira sobre a população, como Maria Luci Trindade da Silva, 74 anos, moradora da Vila Saem, que teme um colapso noturno, os moradores enfrentam uma realidade de medo constante e uma readaptação forçada em suas vidas diárias. A cidade de Maceió, além dos impactos sociais, enfrenta uma possível desvalorização imobiliária e uma redução de investimentos, colocando em xeque o futuro da região.
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