Audiência Pública discute atendimento à saúde mental em Pernambuco

A Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental dos Pernambucanos realizou, nesta segunda (10), um painel sobre o tema. O encontro abriu as atividades do colegiado e contou com a participação de representantes de diversas instituições ligadas ao assunto, para traçar um panorama sobre a saúde mental no Estado.

A ausência de uma pessoa para coordenar a Gerência de Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde foi motivo de crítica por parte da representante do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco, Íris Maria. “Sem essa nomeação, o processo de trabalho fica descontinuado, não há articulação de rede. Estamos sem comando há 90 dias e, como mecanismo de controle social, queremos uma resposta”, cobrou a conselheira.

No Recife, a população que precisa de atendimento conta com 17 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), sendo cinco com atendimento 24 horas. A Capital tem 24 leitos integrais de atenção hospitalar, voltados a pacientes psiquiátricos. Os números foram apresentados pelo técnico da Política de Saúde Mental da Prefeitura, o terapeuta ocupacional Luiz Carlos Almeida. Ele observou, contudo, que os cuidados com saúde mental devem ser mais abrangentes. “Entendemos que essa oferta não pode ser exclusiva dos CAPs; atravessa segurança, educação, cultura”, analisou.

A necessidade de atenção com os profissionais que tratam da saúde mental também foi debatida. Um dos pontos levantados foi a importância da valorização dos psicólogos que atuam nos CAPs. O cuidado com as forças policiais foi outro destaque da reunião. Integrantes da Associação dos Praças e da Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados, Policiais e Bombeiros Militares comentaram a importância de ampliar o debate sobre a saúde mental dos profissionais de segurança pública.

O gerente geral de Articulação e Integração Institucional e Comunitária da Academia Integrada de Defesa Social (Acides), Coronel Ivanildo Torres, reforçou essa necessidade. “Precisamos entender que policial não é super herói. Quem cuida de quem cuida?”, questionou. Criada na atual gestão estadual, a Gerência de Atenção e Cuidado ao Servidor de Defesa Social de Pernambuco tem à frente a psicóloga Malu Freire. “Os policiais não procuram ajuda para questões de saúde mental porque temem ser descredibilizados”, relatou a gestora.

Ainda na reunião, o deputado Mário Ricardo (Republicanos) fez um apelo pela reabertura do Hospital Psiquiátrico Alcides Codeceira, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. “Sabemos da importância da luta antimanicomial, mas existem casos que requerem atendimento hospitalar. Precisamos juntar forças para reabrir essa unidade de referência”, ressaltou o parlamentar.

Coordenador da Frente, o deputado Joel da Harpa (PL) informou que o colegiado vai visitar instituições como o Conselho Regional de Psicologia e o Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, no Recife, além de realizar audiências públicas direcionadas a segmentos específicos. “Hoje vimos como é urgente a necessidade de ampliar essa discussão entre os profissionais de segurança pública, mas também em outras áreas, como saúde e educação. Vamos ter um debate intenso na Alepe, durante os dois anos de funcionamento da Frente”, avaliou o deputado.

Também participaram do encontro representantes do Conselho Regional de Educação Física e da Diretoria de Assistência Social da PMPE, além dos deputados Gilmar Júnior (PV), Luciano Duque (Solidariedade) e William Brigido (Republicanos).