Publicado em
30/07/2021 17h03
Governo também fecha acordos de cooperação para ampliar e aperfeiçoar o atendimento às vítimas
Publicado em
30/07/2021 17h03
Neste Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, 30 de julho, a estrada foi foco de uma blitz educativa para esclarecer a população sobre a prevenção e combate ao crime. Com o tema “Não dê carona ao tráfico de pessoas”, a blitz foi promovida pela Polícia Rodoviária Federal, no Distrito Federal. E contou com a participação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Os motoristas que passaram pela BR-020 receberam material informativo sobre o tráfico de pessoas, crime previsto na Lei nº 13.344/2016 que pune formas de exploração como a sexual, remoção de órgãos, trabalho escravo, servidão e adoção ilegal.
A blitz também informa sobre os canais de denúncias que são o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) e Disque 2104-4292 (Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do DF).
“O tráfico de pessoas é uma grave violação de direito que ocorre no Brasil e no mundo. A maior parte das vítimas é de mulheres, mas o crime também é cometido contra crianças, adolescentes, homens, travestis e transexuais, inclusive imigrantes”, disse a secretária nacional de proteção global do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Mariana Neris.
“Muitas das pessoas que sofrem a violação de tráfico são impedidas de sair da situação por receberem constantes ameaças contra si ou contra familiares ou ainda pela retenção de documentos”, completou a secretária.
O tráfico de pessoas é definido pela legislação brasileira como o agenciamento, aliciamento, recrutamento, transporte, transferência, compra, alojamento ou acolhimento de pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: exploração sexual; servidão; remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo; trabalho em condições análogas à de escravo; e adoção ilegal.
Segundo o coordenador-Geral do Disque 100, Reinaldo Las Cazas Ersinzon, dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos apontam que o tráfico de pessoas, tanto nacional quanto internacional, representaram 260 denúncias em 2020, sendo que 45% desse total foram denúncias de tráfico internacional de pessoas. “Neste ano, até junho já foram 57 denúncias recebidas no Disque 100. O trabalho escravo, no ano de 2020, correspondeu a 918 denúncias registradas pelo canal de atendimento da ouvidoria. Até junho deste ano, foram 875 denúncias”, pontuou.
Como parte da mobilização do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas foram assinados, nesta quinta-feira (29), dois acordos de cooperação técnica entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Cidadania e da Saúde para ampliar o atendimento às vítimas de tráfico de pessoas.
Um deles prevê a oferta de cursos de capacitação para auxiliar os servidores a prestarem um atendimento cada vez mais qualificado e humanizado às possíveis vítimas. É direcionado aos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que engloba os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
Outro acordo é para a elaboração de pesquisas sobre a situação de saúde das vítimas e campanhas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para a sensibilização sobre o tráfico de pessoas.
Uma ação constante do Governo Federal para o combate ao crime é a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, criada em 2006. “Hoje, estamos no terceiro plano nacional e temos sete ações e metas a cumprir”, afirmou Mariana Neris.
De acordo com Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas com dados de 2017 a 2020, lançado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), a vulnerabilidade socioeconômica das vítimas de tráfico de pessoas é um dos principais fatores de risco.
Pela primeira vez, o relatório traz informações sobre as raças das vítimas. Dados dos Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e postos e do Ministério da Saúde demonstram que 63% eram negras, enquanto 22% eram brancas.
O último Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do Unodc, lançado este ano, aponta que mulheres e meninas seguem sendo as principais vítimas do tráfico de pessoas (65%). A finalidade de exploração sexual, que envolve fundamentalmente vítimas femininas, representa 50% dos casos de tráfico de pessoas no mundo.
Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas