Contrariando as expectativas iniciais, o ano de 2023 está se encaminhando para se tornar o mais quente já registrado na história. Além das conhecidas emissões recordes de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, outros fatores específicos estão contribuindo para esse aumento de temperatura.
O fenômeno climático El Niño, conhecido pelos brasileiros, está desempenhando um papel crucial nas altas temperaturas deste ano. O aquecimento das águas superficiais do leste do Pacífico durante o El Niño libera calor adicional na atmosfera, elevando as temperaturas globais. Embora não tenha atingido o pico de 2016, o El Niño de 2023 está se fortalecendo e espera-se que se intensifique nos próximos meses, liberando ainda mais calor do que em anos anteriores devido ao período prolongado de resfriamento causado pelo fenômeno oposto, La Niña.
Outro fator contribuinte é a redução de aerossóis, poluentes atmosféricos que, ao refletirem parte da energia solar de volta ao espaço, normalmente ajudam a resfriar a Terra. As regulamentações de combustíveis mais limpos implementadas em 2020 reduziram as emissões globais de dióxido de enxofre, mas também aumentaram as temperaturas, especialmente em áreas críticas de navegação, como o Atlântico Norte.
Uma grande erupção vulcânica em janeiro de 2022, no vulcão subaquático Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, no Pacífico, liberou vapor de água na estratosfera, contribuindo para o aquecimento. Embora seu impacto total ainda esteja sendo estudado, estima-se que tenha tido um efeito limitado nas temperaturas globais do ar.
A redução do gelo marinho ao redor da Antártica, registrada em setembro, também pode estar contribuindo para o aumento das temperaturas. Menos áreas de gelo reflexivo significam que mais energia solar é absorvida pela superfície escura do oceano, acelerando o aquecimento.
Embora a taxa de aquecimento tenha acelerado nas últimas décadas, ainda não ultrapassou consistentemente as projeções dos modelos climáticos. No entanto, cientistas alertam que o clima pode mudar mais rapidamente do que o esperado no futuro, destacando a necessidade urgente de ações para acelerar a transição para fontes de energia mais limpas. Às vésperas da cúpula climática COP28, essas revelações ressaltam os desafios que a sociedade enfrenta diante das mudanças climáticas.
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