Crise Geopolítica na América do Sul: Exercícios Militares Aumentam Tensões na Região Amazônica
A tensão na América do Sul atingiu novo patamar na quinta-feira (07/12) com o anúncio do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos sobre a realização de exercícios militares em parceria com as Forças de Defesa da Guiana. A situação elevou a apreensão, principalmente no Brasil, onde o embaixador Celso Amorim, principal assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressou preocupação com a possibilidade de os eventos servirem como pretexto para a presença de tropas estrangeiras na Amazônia.
Amorim destacou em entrevista ao Canal Meio: “O que eu temo mais, pra falar a verdade, é que você crie precedentes até para ter bases e tropas estrangeiras na região. Não estamos falando de uma região qualquer. Estamos falando da Amazônia, que é sempre objeto de muita preocupação de nossa parte. Essa é a nossa preocupação maior.”
Os exercícios militares dos Estados Unidos na Amazônia não são novidade, mas o contexto atual, com a crise geopolítica entre Guiana e Venezuela, intensifica as preocupações. Os dois países disputam a região de Essequibo, rica em minerais e petróleo, e a recente emissão de licenças para exploração de petróleo na costa de Essequibo agravou as tensões.
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) emitiu uma sentença determinando que a Venezuela não poderia incorporar Essequibo ao seu território, mas o governo de Nicolás Maduro rejeitou a legitimidade da CIJ para resolver a disputa. Em resposta, o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, solicitou auxílio da ONU e buscou apoio dos Estados Unidos.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou suporte “inabalável” à soberania da Guiana, e o Comando Sul divulgou a realização de exercícios em parceria com as Forças de Defesa da Guiana, incluindo “operações de voo” em território guianense.
A reação da Venezuela foi imediata, com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, chamando os exercícios de “provocação”. A preocupação histórica na região com a presença de tropas estrangeiras, especialmente norte-americanas, ressurgiu, alimentada pelo tamanho do poderio militar dos Estados Unidos.
Analistas afirmam que, até o momento, a liderança brasileira na região não foi afetada, mas a crise representa um grande desafio. O presidente Lula ofereceu o Brasil como sede para futuras conversas entre Guiana e Venezuela, buscando diminuir as tensões na região e evitar escaladas militares.
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