“Vamos reconhecer o Estado da Palestina por muitas razões, que podem ser resumidas em três palavras: paz, justiça e coerência”, disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
“Quando os bombardeios pararem… Quero que os espanhóis possam dizer, com a cabeça erguida e a consciência tranquila, que estavam do lado certo da história”, acrescentou.
O Hamas classificou a decisão como um “resultado direto da corajosa resistência do povo palestino”, enquanto Israel disse que “a história lembrará que a Espanha, a Noruega e a Irlanda decidiram conceder uma medalha aos assassinos e estupradores do Hamas”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestino afirmou que a decisão dos três países europeus mostra “um compromisso inabalável com a solução de dois Estados”.
Uma esmagadora maioria dos Estados na África, Ásia, América Latina e Oriente Médio reconhece o Estado Palestino, totalizando 143 países.
Há duas semanas, 81% dos países-membros da Assembleia Geral da ONU apoiaram a adesão do Estado Palestino à organização, da qual é membro observador desde 2012.
O Estado Palestino foi oficialmente declarado pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em 1988, e depois reivindicou a soberania sobre territórios palestinos internacionalmente reconhecidos: Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza, embora sem uma delimitação clara das fronteiras.
A Autoridade Palestina, que governa e tem sede na Cisjordânia, é a representante legítima dos palestinos a nível internacional e, portanto, sobre quem recai o reconhecimento desde a década de 1990.
A lista dos países que reconhecem esse Estado não inclui os Estados Unidos, o Reino Unido ou qualquer outro membro do G7.
Na América Latina, há 19 países que reconheceram a existência do Estado palestino: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua , Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
O único país latino-americano que não reconhece o Estado palestino é o Panamá.
Essa também foi a única nação da região a votar contra a obtenção do status de “Estado observador não-membro” pelos palestinos na ONU, em uma votação histórica que ocorreu no final de 2012.
Gesto simbólico?
James Landale, repórter da BBC especializado em assuntos internacionais, salienta que o anúncio da Irlanda, Espanha e Noruega aumentará a pressão sobre outros governos europeus — incluindo o Reino Unido, França e Alemanha — para também reconhecerem o Estado palestino.
Ele alerta, no entanto, que o que aconteceu na quarta-feira é em grande parte apenas um gesto simbólico se não abordar outras questões vitais.
Quais deveriam ser as fronteiras? Onde a capital deveria estar localizada? O que ambas as partes devem fazer primeiro para que isso aconteça?
Landale indica que estas são questões difíceis sobre as quais nenhum acordo foi alcançado e que não puderam ser respondidas de forma satisfatória por décadas.
“Hoje, alguns outros países da Europa acreditam que deveria haver um Estado palestino. Os apoiadores aplaudirão a medida, os oponentes irão condená-la”, diz Landale.
“Mas é improvável que isto mude a dura realidade para os palestinos.”