- Author, Jake Horton
- Role, BBC Verify
“Por muitos indicadores, nossa economia é a mais forte do mundo”, afirmou a vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris.
Já Trump diz que criou a “maior economia da história do nosso país”, e que o governo Biden-Harris a teria arruinado.
Analisamos alguns indicadores-chave para comparar o desempenho econômico sob as duas presidências.
Crescimento da economia
Embora o impacto da pandemia covid-19 dificulte a comparação, ambos os presidentes podem apontar alguns feitos econômicos notáveis, apesar da dificuldade dos salários acompanharem os aumentos de preços nos últimos anos.
Primeiro, vamos olhar para o crescimento econômico usando o Produto Interno Bruto (PIB), o valor de todos os bens e serviços na economia dos EUA.
Houve um colapso dramático no PIB durante a pandemia de covid, pois muitas empresas fecharam.
Após esse período, a economia se recuperou fortemente sob Trump — e se recuperou melhor do que muitos outros países ocidentais.
Isso continuou com Biden, com os EUA apresentando a recuperação mais forte da pandemia dentro do G7 (grupo das democracias mais ricas do mundo), medida pelo PIB.
Mas os quatro anos de Trump no mandato não foram o melhor período da hitória da economia americana, como ele gosta de alegar.
Entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, a taxa média de crescimento anual foi de 2,3%.
Este período inclui a desaceleração e a recuperação da economia como resultado da pandemia.
Sob a presidência de Biden até agora, esse número é de 2,2% — ou seja, quase o mesmo.
Houve períodos no passado em que o crescimento do PIB foi significativamente maior do que a média de Trump e Biden, como na década de 1970.
Inflação
O ritmo com que os preços estão subindo tem sido uma grande questão na campanha.
Os preços aumentaram significativamente nos dois primeiros anos do governo Biden, atingindo um pico de 9,1% em junho de 2022.
Trump disse que os EUA experimentaram “a pior inflação que já tivemos”.
Mas isso não é verdade: a última vez que a inflação anual ficou acima de 9% foi em 1981, e chegou a pontos muito mais altos em vários outros momentos da história.
A inflação dos últimos 12 meses agora caiu para cerca de 3% — mas continua mais alta do que quando Trump deixou o cargo.
Os preços dos alimentos, por exemplo, aumentaram 13,5% no período de um ano encerrado em agosto de 2022.
Este foi o pico sob o governo Biden, e os preços se estabilizaram um pouco desde então — com o custo dos alimentos aumentando 1,1% de julho de 2023 a julho deste ano.
A tendência recente é comparável a muitos outros países ocidentais que passaram por alta inflação em 2021 e 2022, já que problemas na cadeia de suprimentos global impulsionados pela covid e pela guerra na Ucrânia contribuíram para o aumento dos preços.
Mas alguns economistas dizem que o Plano de Resgate Americano de US$ 1,9 trilhão de Biden, aprovado em 2021, também foi um fator — já que a injeção de dinheiro na economia levou a um aumento ainda maior dos preços.
Empregos
O governo Biden tem frequentemente apontado o crescimento de empregos como uma grande conquista.
Antes das grandes perdas em 2020 devido à covid, nos primeiros três anos da presidência de Trump, quase 6,7 milhões de empregos foram adicionados, considerando dados de trabalhos não agrícolas (que cobrem cerca de 80% da mão-de-obra).
Houve um aumento de quase 16 milhões de empregos desde que o governo Biden assumiu, em janeiro de 2021.
Biden afirma que este é o “crescimento de empregos mais rápido em qualquer momento de qualquer presidência em toda a história americana”.
Isso é verdade, se você olhar os dados disponíveis desde que os registros começaram, em 1939.
Mas seu mandato se beneficiou de uma forte recuperação na atividade econômica conforme o país encerrou políticas de isolamento social por conta da pandemia.
“Muitos dos empregos teriam voltado se Trump tivesse vencido em 2020, mas o Plano de Resgate Americano desempenhou um papel importante na velocidade e agressividade da recuperação do mercado de trabalho”, afirma o professor Mark Strain, economista da Universidade de Georgetown.
Este plano de gastos aprovado pelo governo Biden em 2021 foi projetado para estimular a economia após a pandemia.
O crescimento de empregos mais fraco do que o esperado em julho levou a temores de uma desaceleração repentina na economia dos EUA. Com o receio, o mercado de ações foi atingido, mas desde então se estabilizou.
Tanto Trump quanto Biden destacam os baixos níveis de desemprego sob seus mandatos.
Antes da pandemia, o governo Trump apresentava uma taxa de desemprego de 3,5%.
Como em muitas partes do mundo, as medidas de bloqueio por conta da covid levaram a níveis crescentes de desemprego nos EUA, mas a taxa caiu para cerca de 7% quando Trump deixou o cargo.
Sob o governo Biden, o desemprego continuou a cair até chegar a 3,4% em janeiro de 2023 — a menor taxa em mais de 50 anos —, mas desde então subiu para 4,3%.
Salários
Em termos de salários, estes aumentaram sob Trump, mas a uma taxa semelhante à de seu antecessor Barack Obama — até a covid-19.
Os salários dos trabalhadores aumentaram rapidamente no início de 2020, com a pandemia. Isso porque os trabalhadores com salários mais baixos tinham maior probabilidade de serem demitidos nesse período, o que aumentou o salário médio das pessoas que ainda estavam empregadas.
Sob Biden, a renda semanal média nominal cresceu, mas há dificuldade de acompanhar o aumento de preços causado pela alta inflação.
Quando ajustados pela inflação, os ganhos semanais médios ficam menores do que quando Biden assumiu o cargo.
Mercado financeiro
O mercado de ações dos EUA não é necessariamente um reflexo da economia mais ampla — mas muitos americanos têm investimentos, então seu desempenho tem alguma importância.
O Índice Dow Jones é uma medida do desempenho de 30 grandes empresas listadas nas bolsas de valores dos EUA.
O índice atingiu recordes durante o mandato de Trump, mas caiu quando os mercados reagiram à pandemia — eliminando todos os ganhos obtidos sob o governo do republicano.
No entanto, o mercado de ações se recuperou para níveis acima dos pré-pandêmicos quando Trump deixou o cargo, em janeiro de 2021.
Ele continou a crescer sob Biden e, embora tenha havido oscilações recentes, atingiu níveis recordes sob seu governo também.
Gráficos por Tommy Lumby.