- Author, Hannah Ritchie e Nick Marsh
- Role, BBC News
Gunn, mais conhecida como Raygun, foi eliminada da competição sem pontuar, provocando chacotas e elogios nas redes sociais por seu estilo pouco ortodoxo.
Em sua primeira entrevista desde que participou dos Jogos Olímpicos — e em meio a perguntas sobre sua qualificação e desempenho —, Gunn foi questionada se realmente achava que era a melhor dançarina de breaking da Austrália.
“Acho que meu histórico fala sobre isso”, ela disse ao programa The Project, da rede de televisão australiana Network 10.
“É muito triste ouvir essas críticas, e lamento muito a reação negativa que a comunidade recebeu, mas não posso controlar como as pessoas reagem”, ela acrescentou, se referindo à enxurrada de críticas que sua apresentação recebeu online.
Com um uniforme de ginástica verde, a professora universitária de 36 anos perdeu as três batalhas de breaking que disputou nos Jogos Olímpicos de Paris, com uma performance excêntrica — que incluía um movimento conhecido como sprinkler e saltos inspirados nos cangurus — o que gerou um mar de memes.
Após sua apresentação, Gunn enfrentou acusações de que havia manipulado o processo de seleção, incluindo alegações de que havia criado seu próprio órgão regulador — e que seu marido havia julgado seu teste de qualificação.
Desde então, estas alegações foram denunciadas como falsas por várias organizações, incluindo o Comitê Olímpico Australiano (AOC, na sigla em inglês) e a Federação Mundial de Dança Esportiva (WDSF, na sigla em inglês).
“As teorias da conspiração eram simplesmente horríveis”, afirmou Gunn à rede Network 10.
“Fui a B-girl (dançarina de breaking) australiana mais bem classificada em 2020, 2022 e 2023. Fui convidada para vários campeonatos mundiais… Então, o registro está aí. Mas tudo pode acontecer em uma batalha”, acrescentou.
Gunn, que tem experiência como dançarina de jazz, sapateado e dança de salão, defendeu publicamente sua apresentação como “artística e criativa”.
“Eu nunca iria vencer essas meninas no que elas fazem de melhor, o power move dinâmico, então eu queria me movimentar de forma diferente”, ela afirmou no mês passado.
O principal juiz que supervisionou a competição nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 também deu seu apoio a Gunn, assim como os dirigentes da equipe e a comunidade olímpica de breaking de uma forma geral.
Mas as repercussões da apresentação dela dividiram os envolvidos com o esporte na Austrália.
“Ridicularizou a cena australiana, e acho que é por isso que muitos de nós estamos sofrendo”, disse Spice, pioneira do hip-hop australiano, anteriormente à BBC.
O breaking — dança inspirada no hip-hop, nascida nos bairros de Nova York na década de 1970 — foi introduzido na programação olímpica deste ano para atrair um público mais jovem.
Mas alguns críticos dizem que nunca deveria ter sido incluído, devido à natureza orgânica do gênero, que não necessariamente se adequa à competição organizada.
Após sua apresentação em Paris, Gunn fez um apelo diretamente à imprensa, em um vídeo postado no Instagram, para parar de “assediar” sua família e amigos.
Na entrevista à Network 10, ela contou que havia sido perseguida por jornalistas de forma “bastante selvagem”.
“Isso realmente me deixou em pânico… Dançar era meu remédio, e logo se tornou minha fonte de estresse.”
Gunn admitiu que “ainda não está em condições” de assistir à sua apresentação novamente, mas ficou comovida com o apoio que recebeu de outros atletas olímpicos na cerimônia de encerramento dos Jogos, assim como de parte do público em geral.
“Isso aqueceu muito meu coração”, ela afirmou.
“Prefiro focar nos aspectos positivos disso, e na alegria que levou às pessoas.”