A falta d’água e os excluídos da prevenção ao Covid-19

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 A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o surto de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus Sars-CoV-2, como uma pandemia. No Brasil, as primeiras mortes pela doença eram confirmadas e o distanciamento social foi considerado a medida mais adequada para conter o avanço da Covid-19.

Assim como em outras partes do mundo, os brasileiros (os que poderiam) se preparavam para passar muitos dias em suas casas, saindo o menos possível. Houve uma grande corrida aos mercados e às farmácias. O álcool em gel sumiu das prateleiras. A higienização das mãos com álcool em gel se tornou numa importante ação para eliminar o coronavírus e prevenir a doença. No entanto, esta é uma medida complementar ou alternativa, e se torna obrigatória somente na falta de água e sabão.

Os meios de comunicação passaram a repetir o mantra exaustivamente: “para a prevenção ao coronavírus é preciso lavar as mãos com apenas água e sabão, várias vezes ao dia”. Mas façamos uma breve reflexão: Todos os brasileiros têm acesso a água e sabão?

Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), 55% dos municípios brasileiros tem problemas de abastecimento de água. A ANA afirma que, para evitar o colapso, ou seja, o risco de desabastecimento, serão necessários investimentos de R$ 22,2 bilhões até 2025. menos o Brasil sendo abundante em recursos hídricos.       

A escassez de água potável, bem como a impossibilidade de acesso a serviços de saneamento, afetam seriamente a saúde das populações e os índices de desenvolvimento humano. A crise de água e saneamento tem como principal vítima os mais pobres e tem suas razões nas relações de poder e na desigualdade, não na disponibilidade física do recurso.

Estas mesmas pessoas, já expostas a uma série de doenças, como dengue e zica, estão entre as mais vulneráveis à Covid-19 uma vez que até a medida mais simples para a prevenção da doença, lavar as mãos adequada e repetidamente, não é acessível para elas.

Além disso, estudos recentes têm apontado a presença do novo coronavírus nas fezes das pessoas infectadas e mesmo no esgoto. Embora não se tenha dados sobre a transmissão feco-oral do vírus ou sobre o risco potencial para a saúde de pessoas que consomem a água de rios ou mananciais que venham a ser contaminados, essa possibilidade teria muitas implicações em áreas carentes de infraestrutura de saneamento básico.

No que diz respeito à disseminação do novo coronavírus no Brasil entre as populações vulneráveis, medidas emergenciais estão sendo tomadas, como arrendamento de imóveis, para abrigar a população de rua, instalação de lavatórios em locais públicos e ações sociais em comunidades carentes. No entanto, isso não é o suficiente.

É necessária a elaboração de políticas públicas permanentes e estruturais que amenizem essa situação de vulnerabilidade dos que não têm acesso adequado à água e promovam de fato os múltiplos usos dos recursos hídricos, priorizando aqueles relacionados à saúde e a manutenção da vida.                                                              

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