O prazo para desincompatibilização se aproxima, e a movimentação nos bastidores políticos se intensifica. Funcionários em cargos comissionados que aspiram concorrer em chapas majoritárias municipais têm até o dia 6 de junho para deixarem suas posições – quatro meses antes das eleições -, forçando políticos à frente de secretarias e ministérios a anunciarem suas decisões.
Este é o caso em destaque da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Lula, Luciana Santos (PCdoB), uma das principais cogitações entre os comunistas para a disputa em Olinda. Contudo, ainda há incertezas envolvendo sua candidatura. Santos tem emitido declarações vagas, postergando sua definição e sinalizando relutância em deixar o cargo em Brasília. Enquanto isso, o PSB indicou a deputada estadual Gleide Ângelo como representante da Frente Popular no município. Existe também o receio de que o presidente Lula (PT) transfira a pasta do PCdoB para alianças com o centrão, o que deixaria Santos sem apoio caso opte por permanecer no cargo.
A federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PCdoB e PV, também está envolvida na formação de chapa no Recife, mas esta não está sob seu controle. Os petistas se ofereceram para ocupar a vice-prefeitura de João Campos (PSB), mas o gestor ainda não deu indicações claras sobre a definição.
Enquanto isso, secretários da Prefeitura do Recife se filiaram a partidos aliados, indicando possíveis opções de vice para Campos. No entanto, permanecem em seus cargos até o último momento. Questionados, eles se abstêm de comentar, mas o posicionamento oficial é de que o afastamento, se ocorrer, não será imediato.
A postergação do afastamento é comum entre pré-candidatos em cargos comissionados. O mesmo é observado em casos como o de Daniel Coelho (PSD), apoiado pela governadora Raquel Lyra (PSDB) no Recife, e Mirella Almeida (PSD), sucessora do Professor Lupércio (PSD) em Olinda. Ambos ocupam secretarias e ainda não têm previsão para deixarem seus cargos.
A Lei Eleitoral, estipulada na Lei Complementar 64/1990, exige o afastamento de servidores públicos que desejam concorrer a cargos eletivos. Segundo o cientista político Sandro Prado, a desincompatibilização é necessária para evitar o uso do cargo para ganhos políticos durante a campanha.
“Essas pessoas atendem à população, são servidores públicos. Se elas não saírem do cargo com antecedência, elas podem utilizar o prestígio que o cargo dá para ter ganhos políticos e eleitorais. Então a justiça determina que todo servidor público que queira se candidatar a um cargo eletivo precisam se desincompatibilizar”, explicou Prado.